Preliminares: Extrai esse clipe com a intenção de que a gente se nos questione e pergunte o que seria enamorar-se em nossos tempos. O mundo é de efemeridades e provisórios compulsórios. O que se constata é que o namoro em nossos dias é mais uma algema, corrente e 'freio de mão puxado', como se diz na linguagem cotidiana. É comum se observar nas escolas as garotas quando começam a namorar: perdem os contatos até então tidos com as amigas, se sentem constrangidas em ter outros contatos, mesmo verbais, com outro homem que nao seja o seu, e fica colado no pretenso namorado. O namoro é mais uma espécie de privatização das carências do que estabelecer uma relação sinérgica com o mundo, estando com outra pessoa. Esse é um modelo decadente, patriarcal, inseguro e dependente de se constituir relações. Assim se pode entender a crítica velada que aparece na novela, 'INSENSATO CORAÇÃO', nos personagens da MULHER BIBI e do homem ANDRÉ GURGEL.
Namorar e amar - O amor nos lança no mundo. O namoro nos conecta. 'O amor só vive em liberdade e o ciúme é só vaidade,' esse é um trecho da musica MAÇÃ do saudoso, Raul seixas. Não pode haver contradição entre o amor como transformação humana e o namoro como conexão. A vida humana é a historia do amor e do namoro em uma visão com uma configuração anacrônica e decadente. Ambos foram domesticados pela sociedade patriarcal. Amor, na visão dos gregos antigos, nao envelhece e nao se casa. Quem ama seduz, quem namora conecta a si mesmo, aos outros e ao mundo. Esse é o sentido fundante e ontológico do amor. EROS, na mitologia grega, nunca envelhece e sempre seduz e se mantém jovial. O amor faz isso com e nas pessoas. Quem ama sempre estará jovial e seduzindo. Por isso que o amor e o namoro em nossa sociedade estão desfigurados. Foram domesticados, privatizados algemados a um modelo de relacionamento exclusivo e possessivo. Nos relacionamentos monogâmicos da sociedade ocidental o amor se tornou infatilizado, ciumento ao achar que é uma prova de amor que na verdade o outro é tido inconscientemente como propriedade sua; e insegura por que nao amadureceu afetivamente em termos de sinergia humana na relação do casal. Tornou-se em o amor do 'complexo de édipo', na forma de relacionamento embrionário dos primeiros anos de vida entre mãe e filho que passará a ser vivido no decorrer de toda a vida. É esse o tema do livro da Regina navarro. 'A CAMA NA VARANDA'. A familia nuclear educa os filhos, para que estes se tornem dependentes afetivos. Assim é o modelo de família positivista, característica da sociedade brasileira da senzala à casa grande de ontem às de nossos tempos.
Amor é cósmico: Eu sou de todo o mundo e todo mundo é de ninguém.. Será que um dia, os relacionamentos de namoros terão essa perspectiva? Em geral namorar, na visão e prática comum, é isolamento dos outros e ficar só e ilhado no mundo de uma única pessoa; isso é o ideal? Veja como canta Raul Seixas: "Se esse amor; Ficar entre nós dois; Vai ser tão pobre amor; Vai se gastar..." E quando a relação entra em ressaca a pessoa tem que começar tudo de novo. Essa idéia e modo de namoro são herdadas de um modelo patriarcal de relacionamentos. Ele é ordenado para o direcionado ao casamento monogãmico. Namorar é mais do que beijar na boca.. Namorar é ser de ninguem, ser de todo mundo e ser da pessoa em que estamos conectados. O namoro deveria ser conexão. A ele se opõe ficar...Ficar é só se conectar ao sexo do outro. É uma conexão a um corpo sem alma. Platão, em o BANQUETE, um livro simposium discurso sobre o amor; para ele os contatos e uso do corpo só teriam sentido se nos levassem à ANIMA, alma, (essência ontológica) da pessoa.O namoro é a comunicação do corpo-corpo para a alma, rumo a essência, que é a razão, anima, logos, deus.
NAMORO POLI: BI, HOMO, HETERO - Deve ser repensada os modos de se relacionar nos padrões de nossa sociedade. As relações que conectam transformam os que nela estão vnculados. Isso é o obvio que a propaganda da VIVO celular sabiamente captura: 'o amor nos conecta e a conexão nos transforma. Namoro não tem o fim direto de casar-se mais de que as pessoas aprendam a encontrar relacionamentos que sejam conexão vivas. O que muda primeiro, o mundo, as pessoas, tecnologias? - A única coisa que existe é o movimento. A propaganda da TIM fala de uma coisa óbvia; 'por que ser fixo se o mundo é móvel?' É um bom sinal se ter como referência e ponto de reflexão essas duas propagandas... Namorar é buscar, saber se conectar e se transformar. Um espaço se abre para os interesses sexuais. Namorar não é uma atividade apenas hetero. Ser hetero é padrão da cultura ocidental, patriarcal e cristã. O amor é conexão de homem-homem, mulher-mulher, homem-mulher, mulher-homem-mulher, homem-mulher-homem. É uma conexão dual, tríplice ou múltipla/poli; ela pode vir a ser MONOGÂMICA, BÍGAMA, POLÍGAMA e PANSEXUAL. Desde que cada um desses modelos se considere que a paixão, o amor e o desejo jamais poderão ser privatizados, domesticadas e enquadrados. A identidade do namorar é conexão, transformação cuidado. É ser com a pessoa que elejo para conexão em 1ª dimensão, 'sem deixar de ser de ninguém e de todo mundo'. Para o poliamor não se tem ou se busca namorados(as); se busca e se contrói poliamores. E a concepção subjacente é que quem poliamor tem por outro se é com essa pessoa é: cuidado, atenção, zelo , presença e circunspecção.
Maravilha,voltou a escrever,o que te inspirou??
ResponderExcluirAdorei o clip.
bjs