quinta-feira, 1 de abril de 2010

CONFISSÕES DOCENTES POLIAMOROSAS















LIBERDADE E DESEJOS - Quando eu li o livro A Cama na varanda (baixe o livro grátis) de Regina Navarro na primeira edição de 1997 e depois a segunda em 2007 percebi o que nele preanunciava e colocava em discussão uma questão nova em matéria de amor e de sexualidade. Pela primeira vez ouvi falar de POLIAMOR. Foi um impacto no modo como até então eu concebia o amor. A partir daí eu passei a entender muita coisa sobre o até então me parecia confuso. Eu não entendia muito sobre o meu desejo e o modo como eu vivi o amor e a perspectiva de meus relacionamentos. Descobri que eles tiveram sempre os princípios de: cuidado, zelo, afeto, paixão, desejo saudável.

ICEBERG DO DESEJO - E vejo que tudo isso é o grande desafio para quem vive nesse mundo do século XXI. FREUD já predisse no século XIX que o ‘ser humano,’ não é humano e nem livre quando  ignora a dinâmica e o iceberg de sua libido (desejos e instintos?). As pessoas não são senhoras de si quando ignoram seus desejos, quando são escravas de seus quereres ou se submetem a desejos que desconhecem. E em nome de uma liberdade-engodo com roupagem de LIVRE ARBÍTRIO, que aparenta o carrancismo medieval ao modo de Santo Agostinho. É fácil se escudar e responsabilizar atrás do poliamor, com uma vontade inveterada de sexo, e se dizer livre. É fácil se dizer poliamorista e ao mesmo tempo não trabalhar e resgatar os valores do cuidado, da amizade, da paixão descolados do sexo.

AS PESSOAS - Converso sempre com pessoas sobre o poliamor, suas vantagens e atualidade . A maioria o acha fascinante. Outras dizem que pensa e são assim,  um outro grupo diz que não sabem o que é o amor quem vive assim e ou nunca amaram ou se apaixonaram. Esse é o senso comum e o modo irracional de compreender o amor e a paixão. Como se entenderia esse fascínio e a falta de coragem de vivê-lo. Ao se inquirir melhor se descobre o que as torna inseguras e dependentes afetivamente. será isso imaturidade e medo de competir no amor e no afeto? É comum escutar que os homens são mais propensos a essa atitude. Isso é senso comum e limitação de concepção.

QUEM VIVE O POLIAMOR? - Pode-se dizer que Poliamor não é nem para os ciumentos, nem para os machistas e ou menos aos patriarcas modernos travestidos de polígamos. Os homens, em geral buscam apenas o sexo nas mulheres. Eles entendem isso como sendo coisa de homem e que lhes é próprio e natural de sua biologia. No imaginário destes, isso só é admissível com as garotas que são namoradas dos outros; com suas namoradas e ou esposas isso é uma conduta inconcebível e inaceitável. Se suas esposas e ou parceiras tivessem esse mesmo modo de sentir e viver o desejo humano seria uma agressão ao que é próprio da natureza do ser mulher. A maioria das mulheres se protege e escuda no discurso do amor romântico e de alma gêmea. Acreditam que só se pode amar a uma pessoa  de cada vez. Quem ama ou está apaixonada por alguém não sente nada por mais ninguém. Assim sendo um como a outra resistem a esse modo comunal de amar.

A BÍBLIA E O COMUNITARISMO - Nos Atos dos apóstolos 2,45.47 do livro sagrado dos cristãos, se encontra a seguinte inscrição: “[...] vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidades. [...] e perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração [...]” A formula das comunidades cristãs é fonte de inspiração para os modos de vida onde cada um cuide de cada um, onde cada um seja sensível a cada um, onde cada um seja sensível e perceba a necessidade do outro. Isso são fagulhas e sementes do POLIAMOR. Amor ilimitado e universal aberto e sem fronteiras.

HERANÇA DA CULTURA - Herdamos essa mentalidade e hábito que se tornou um dogma de conduta moderna. Em nossa história e cultura, essa mentalidade é tida com a única verdadeira.  É uma coisa que ninguém pensa  e se toca que possa ser isso um absurdo humano, que desumaniza e violenta as pessoas simbolicamente. Isso se tornou nas pessoas uma segunda natureza agregada á biológica. Essa é uma herança da visão de mundo cristã ocidental. É inconcebível para a sociedade monogâmica-cristã, burguesa-patriarcal, individualista-moralista e virtual sem alma entender o que seria um amor sem fronteiras e cósmico. Mesmo que o amor para os cristãos seja ‘amar ao próximo como a si mesmo’ na prática isso não se aplica nas relações afetivas. As pessoas de hoje não amadurecem o afeto sem ciúmes, sem o senso de posse e sem insegurançase medo de perder os entes que lhes são queridos.

FICAR  É POLIAMOR? - Trabalho com adolescentes em escola pública. Eles estão plugados no mundo do Orkut, dos MSN, das salas de bate-papo e de estão em várias tribus. É uma prática dessa garotada, o ficar. Quando o ficar é uma prática feminina, a mulher é considerada vadia, se é habito no homem é considerado um garanhão e perfeitamente considerada natural. O que se percebe é que mesmo estando conectados nas mídias da tecnologias, mas não sabem se conectar consigo mesmo e com as outras pessoas de modo aberto e humano. Estou falando dos jovens.

POLISEXO E POLIAMOR - A juventude de hoje em sua maioria é machista, arrogante e tirana naquilo que gosta e deseja. Mesmo freqüentando as festas de sexo grupal, tipo o trenzinho funk, nos bailes-orgias cariocas e paulistas, é extremamente moralista e machista, inseguro e ciumento com as garotas  com quem transam, são suas parceira. Eles vivem o que se poderia chamar de POLISEXO e não o POLIAMOR. Qual seria a diferença? Entre poliamor e polisexo? Enquanto o poliamor é centrado no cuidado cósmico, na sensibilidade estética e no zelo o outro é voltado apenas para o sexo e no prazer da genitália sem compromisso, sem envolvimento e sem prolongamento.

INFERÊNCIAS DE ÉTICA - Poliamor é para gente grande. Poliamor é para quem ama as pessoas, a natureza. Poliamor é para quem rompe paradigmas. Poliamor resgata a badeira do Tropicalismo, que foi uma revolução na música expressa no estilo bossa nova: em matéria de amor e de sexualidade, É PROIBIDO PROIBIR. Amor que é amor nunca é EXCLUSIVO. Amor é sempre INCLUSIVO, aberto, acolhedor, cuidadoso, sensível. A ética é educação do desejo, da razão e da vontade para a vida livre. Só assim a conduta seja humana e humanizadora. Para a 'ética grega' a outra pessoa é o meu eu fora de mim.Veja como Paula Fernandes poetizou isso em sua música 'Meu eu em vce':
Sou teu ego, Tua alma
Sou teu céu, O teu inferno, A tua calma
Eu Sou teu tudo, Sou teu nada
Sou apenas a tua amada
Eu sou teu mundo, Sou teu poder
Sou tua vida, Sou meu eu em você  [veja o clipe da musica]


Nenhum comentário:

Postar um comentário